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As Meninas, do artista espanhol Diego Velázquez

Posted by Unknown on 4:00 PM in
UMA LEITURA PSICANALÍTICA

Segundo a precisa interpretação do psicanalista Conrado Ramos, ao analisar a conclusão deste estudo: ao afirmar que o retratado, o sujeito central, é o próprio Velázquez, a conclusão funda na série Velázquez, rei/rainha, modelo, observador, uma significação: a da nobreza e, muito provavelmente, a do narcisismo do pintor (que se coloca como objeto observado, confundido com as figuras reais que são os possíveis modelos, ou entre a família real). Pela leitura da conclusão, emerge a posição do pintor frente ao quadro, o lugar de onde se pode dizer não somente da nobreza, mas principalmente da genialidade de Velázquez: é do lugar dele que dizemos isso dele mesmo.



Por esses motivos, Michel Foucault escolheu a análise desse quadro, da época de Descartes, no primeiro capítulo de seu livro, para representar a episteme clássica da representação, segundo a qual o sujeito, o rei, está excluído, aparecendo somente em uma imagem refletida em um espelho. Nesse sentido, ressalta Antonio Quinet: "A ausência do rei nesse quadro é um artifício que encobre e, ao mesmo tempo, designa esse vazio. Para Foucault, esse quadro de Velázquez é a representação da representação clássica, na medida em que nela a representação se apresenta com todos os seus elementos, havendo, porém, um vazio essencial que é, justamente, o sujeito" (QUINET, p. 156).

Jacques Lacan, contudo, irá introduzir o sujeito e o gozo justamente naquele lugar onde Michel Foucault assinala a sua ausência. Isso porque se o sujeito se encontra elidido da representação, não significa que ali não esteja. Na verdade, o sujeito não se representa por si, porquanto é somente "o que um significante representa para outro significante" (QUINET, p. 157).

Em filosofia, a partir de Descartes, o eu constitui o sujeito da representação, definido como o próprio homem como fundamento de seus pensamentos e atos. Já na psicanálise, Jacques Lacan "conceituou a noção lógica filosófica do sujeito no âmbito de sua teoria do significante, transformando o sujeito da consciência em sujeito do inconsciente. [...] Lacan, apoiando-se na teoria saussuriana do signo linguístico, enunciou sua concepção do sujeito com o significante: ''''Um significante é aquilo que representa o sujeito para outro significante''''. Esse sujeito, segundo Lacan, está submetido ao processo freudiano da clivagem (do eu)" (ROUDINESCO e PLON, p. 742). O significado, por sua vez, é definido como aquilo que falta ao significante.

Reflexões sobre As meninas


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